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AS BASES FILOSÓFICO-CONCEITUAIS DA MEDICINA TRADICIONAL CHINESA PARTE 1: NATURALISMO E TAOÍSMO

  • Luzia Lobo Moreira*
  • 23 de abr. de 2017
  • 2 min de leitura


A MEDICINA TRADICIONAL CHINESA apresenta uma estrutura sistemática abrangente, de natureza filosófica, alicerçada em conceitos Taoístas e Naturalistas, desenvolvidos ao longo de mais de três mil anos de história. Eles concebem o ser humano como um todo e como parte integrante do universo; o indivíduo seria constituído por um conjunto de energias, provenientes do céu e da terra, que fluem por todo o corpo em canais energéticos, e que buscam estar em constante equilíbrio; quando isso não ocorre, temos então a manifestação de Patologias (YAMAMURA, 2001).


É importante uma apreciação dos conceitos do Naturalismo e Taoísmo para a compreensão da MTC; na China, as leis do universo e o conhecimento filosófico se constituem numa só teoria resultante da observação da natureza, da evolução da vida em ciclos que apresentam apogeu e declínio, que como opostos e complementares, constituem o “Grande Princípio”, o Tao (HICKS, 2007).

O sistema Taoísta constitui-se de uma mistura única de filosofia com religião, mas não tem sido considerado anticientífico. Surgiu nos primórdios da China feudal através de homens que, fugindo da servidão dos senhores feudais, retiraram-se para o interior das florestas para meditar e estudar a natureza (NEEDHAN, 1993).


O Tao é a designação do “Caminho”, a ordem da natureza. Ele trouxe todas as coisas para dentro dos seres e governa cada uma de suas ações. Lao Tze, a quem se atribuem os escritos denominados Tao Tê Ching, dizia que “o Tao que pode ser dito não é o Tao verdadeiro”, numa menção clara de que a compreensão do caminho se dá ao caminhar, que o Tao não pode ser expresso, apenas contemplado em silêncio (OSHO, 2014). Esta obra tem sido reverenciada como escritura sagrada pelos mistérios que revela, uma tradição que integra filosofia, ciência e religião à experiência. Abaixo, os versos do Capítulo 25, na tradução do Mestre Wu Jyn Cherng, ilustra a dificuldade de dizer o indizível:

Há algo completamente entorpecido

Anterior à criação do céu e da terra

Quieto e ermo

Independente e inalterável

Move-se em círculo e não se exaure

Pode-se considerá-lo a Mãe sob o céu

Eu não conheço seu nome

Chamo-o de Caminho

Esforçando-me por denominá-lo, chamo-o de Grande

Grande significa Ir

Ir significa Distante

Distante significa Retornar

O Caminho é grande

O céu é grande

A terra é grande

O rei é grande

Dentro do universo há quatro grandes, e o rei é um deles

O homem se orienta pela terra

A terra se orienta pelo céu

O céu se orienta pelo Caminho

O Caminho se orienta por sua própria natureza

BIBLIOGRAFIA

HICKS, A. HICKS, J. MOLE, P. Acupuntura Constitucional dos Cinco Elementos. Ed. ROCA. São Paulo, 2007.

LAO TZU. Tao Tê Ching, O Livro do Caminho e das Virtudes. Tradução do Mestre Wu Jyn Cherng. Sociedade Taoísta do Brasil. Disponível em http://livros01.livrosgratis.com.br/le000004.pdf.

NEEDHAM, J. R. C. The Shorter Science and Civilisation in China. Cambridge University Press. Vol. 1. Cambridge, 1978. Disponível em https://books.google.com.br/.

OSHO. Tao, sua História e seus Ensinamentos. Editora Cultrix. Tradução de Leonardo Freire. São Paulo, 2014.

YAMAMURA, Ysao; Acupuntura Tradicional:AArte de Inserir. 1o ed. São Paulo: Roca, 2001.

*Acupunturista formada pelo Instituto Acus Natus – Fortaleza-CE, com aprofundamento em Acupuntura e Moxabustão pela WORLD FEDERATION OF ACUPUNCTURE & MOXABUSTION SOCIETIES – WFAS, Beijing-China

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